Xobineski Patruska

Tuesday, August 31

 

Viver no campo :)

Viver no campo é saudável. Não há supermercados nem estradas nem fábricas nem televisões a transmitir bem a RTP1. :) Assim as pessoas nunca ouviram a Merche Romero a entrevistar os convidados do Portugal no Coração e são mais felizes. Deitamo-nos e levantamo-nos mais cedo acompanhando o sol. Acordamos com o galo pela manhã. E também com os pássaros que fazem "hreeec hreecc", "piupiupiupiu" e "uip uip uip". Na Maia, de manhãzinha só se ouve "CRUAC", "OLÁ" e "LOURO SOU O LOURO CRUAC" vindo da gaiola azul da varanda do vizinho. Além disso aqui no campo há uma coisa que nunca tinha visto na Maia. É grande, castanha e também tem coisas verdes. A minha mãe apontou-me e disse que era uma árvore. :) Na televisão parecem mais pequenas. Estou a gostar muito destes dias aqui. Há mais espaço para brincar e tenho muitos mais amiguinhos: o pato, o ganso, a galinhdkahsdklhjlfeqwjmrfdksmduopureqwnaslkjasd desculpem, finalmente consegui matar o mosquito que estava em cima do teclado. O único problema do campo é ser muito frio à noite. E ter animais que me metem medo como aranhas, cobras, chupa-cabras e tractores. :(

Xobi

Thursday, August 26

 

10 dicas para aproveitar as férias ou Quando for grande quero escrever artigos para o Reader's Digest

1 - Não faça grandes viagens de automóvel. Quando o fizer, não tenha pressas. Aproveite para abrir as janelas e aumentar o volume do rádio que passa uma música celta. Mantenha-se imperturbável enquanto os indivíduos ao lado gritarem "GANDA SOM!". São, naturalmente, pessoas tensas.

2 - Vá à praia, respire o ar marítimo. Se frequentar as praias do norte aproveite o momento em que o seu guarda-sol e guarda-vento levantam voo, arremessados por um vento a 300 km/h, para fazer uma corrida rápida até ao outro lado da praia. Correr fortalece os ossos, músculos e articulações dos membros inferiores e melhora todo o sistema cardiorespiratório.

3 - Antes de sair do país para uma ansiada semana de férias no nordeste brasileiro, vá ao médico de clínica-geral para se assegurar que está na melhor forma e que a sua saúde recomenda-se. Ria-se na cara do médico quando ele disser que você sofre de hipertensão pulmonar, tem uma pedra nos rins e uma distensão na coxa esquerda.

4 - Desligue o seu telemóvel. Afaste-se de todos os compromissos e inconvenientes. Durante o período de férias cultive alguma distância em relação aos que tentam perturbar a sua paz. Mantenha um ar imperturbável quando dias mais tarde um amigo lhe disser que tinha um bilhete a mais para um concerto mas não conseguiu falar consigo.

5 - Descontraia com pequenos gestos como retirar o relógio de pulso. Medite sobre o peso insuportável desse pequeno objecto na nossa sociedade, sobre o valor excessivo que é dado ao tempo e como ele nos prende e limita a nossa liberdade. Depois desta meditação, volte a colocar o relógio no pulso. Uma tira branca no meio do seu braço bronzeado pode ser bem inestético.

6 - Aproveite para recuperar as horas de sono perdidas. Guarde o despertador e durma descansado. Acorde sem pressas e, num acto de boa disposição matinal, prepare o pequeno-almoço para os familiares. Mantenha-se imperturbável quando lhe disserem que já são 2 da tarde.

7 - Este verão tem o bónus dos Jogos Olímpicos. Não passe ao lado deste evento: veja em directo as competições mais emocionantes como a prova de Argolas. Partilhe da euforia do comentador a cada movimento do atleta: "Muito bem. [pausa] Sublime. [pausa] Grande controlo. [pausa] Belo. [pausa] Impressionante. [pausa] Muita precisão. [pausa] Saída perfeita. [pausa]"

8 - Conheça novas pessoas! Faça novas amizades! Aproveite para conhecer pessoas interessantes, diferentes do seu círculo habitual de amigos. Mantenha-se imperturbável quando o seu psiquiatra disser que são amigos imaginários. Aumente a medicação durante o verão.

9 - Viva saudavelmente. Afaste-se de coisas nocivas como o Rio Leça, material radioactivo e blogs.

10 - Encare com positividade o final das suas férias. Afinal, tem a consciência de que as aproveitou bem. Além disso, para o ano há mais. Claro que estará um ano mais velho, um passo mais próximo do fim da vida. E ainda continuará a tentar aproveitar uns míseros dias de férias e a ler coisas como questionários de verão e dicas para uma vida melhor! Sim para o ano há mais, seus estuporzinhos de m***** que lêem esta revista com o formato mais ridículo de sempre (135 X 185 mm, não lembra nem à revista Maria). Isso, leiam a revista, aprendam coisas "novas e úteis". Com que objectivo? Nenhum! Apenas a sua degradação cultural, caro leitor débil mental, injectando-lhe regras e sugestões sem critério. Você é deprimente. Você... é um traste.

Acho que vou enviar o meu currículo para a "Bordados & Costura".

Sunday, August 22

 

TVI, Panrico sem côdea, linhas telefónicas eróticas

...são algumas das invenções mais ridículas e completamente desnecessárias da última década. Centremo-nos nas linhas eróticas. Não compreendo o que leva alguns homens a utilizar desenfreadamente estas linhas de valor acrescentado. Só há duas explicações lógicas:

1) Eles acreditam realmente que estão a falar com uma mulher dominadora que acaba de sair do duche envergando apenas uma minúscula toalha de banho.

2) Eles estão conscientes de que a voz do outro lado é a de uma mulher de fato-de-treino e cabelo oleoso, que consegue gemer e arranjar as unhas ao mesmo tempo. E gostam dessa imagem.

A segunda teoria parece-me a mais verosímil. Lanço então um repto às empresas que exploram esse tipo de serviços: porque não primar pela honestidade e, ao mesmo tempo, continuar a satisfazer os clientes?

"Antes de mais... Não me chamo Soraya como leste no jornal... Sou a Maria Fernanda... E tu?"

"Estou a abrir e fechar rapidamente o zipper do meu fato-de-treino... ziiiip ziiiip.... ziiiiip zippp... Gostas?"

"Consegues ouvir-me a limpar as lentes dos óculos?... Oooooooooh ooooooooooh oooooooooooh"

De notar que na última frase o "Oooh" tem dupla função: se por um lado desembacia as lentes, por outro é um ofegar excitante. Com esta tomada de atitude o mundo seria muito melhor. Não tão bom como se não existisse a fome, a guerra e o Tozé Martinho. Mas ainda assim, melhor.

Monday, August 16

 

Um post dignificante

Mantenho uma relação estranha com os signos e a astrologia. Se por um lado acho as previsões coisas francamente idiotas, acabo por achar alguma piada à categorização das pessoas através da época do ano em que nasceram. Também acho piada à astróloga Maya, mas de um modo diferente. É um dos exemplos que uso para ilustrar a minha teoria de que uma licenciatura em direito é meio caminho andado para a insanidade total de uma pessoa. OLHEM PARA AQUELA MULHER, EX-ADVOGADA E TARÓLOGA DE SUCESSO! OLHEM ONDE ELA ESTÁ! NO SIC 10 HORAS, VESTIDA PELO JOÃO RÔLO!

A verdade é que resolvi dar o benefício da dúvida e deixar-me guiar cegamente por estas ciências ocultas. O 1º passo a tomar é livrar-me das pessoas astrologicamente incompatíveis. Uma das noções básicas da astrologia é a de que relações entre pessoas do mesmo signo não resultam. Decidi excluir da minha vida todas as pessoas nascidas entre 21/03 e 20/04 .

Assim de repente, vêm-me à cabeça 13 nomes. Dois familiares distantes, nove amigos, uma irmã e um sujeito pelo qual estou apaixonada - tendo este último a agravante de fazer anos no mesmo dia que eu: a chamada incompatibilidade astrológica total. Sorrio. Bem me parecia que não era amor. Tudo não passava afinal de uma indigestão crónica.

Afastadas estas influências negativas há que procurar pessoas dos signos de Gémeos, Balança e Aquário. Preparo-me então para estabelecer nos próximos dias saudáveis e duradouras amizades com pessoas como Humberto Bernardo, Pimpinha Jardim, Carlos Castro e Yoko Ono.

Voltemos à Maya. Pego na edição de ontem da revista Pública e leio atentamente as previsões para o meu signo:

"Esteja atento a tudo o que se passa à sua volta, não tome nenhuma atitude sem antes reflectir e pensar"
É verdadeiramente cortante o conselho de Maya. Ela sugere que os nativos de carneiro reflictam, e como se não bastasse, pensem. Talvez reflectir e pensar ao mesmo tempo, o que é bem arriscado.

"Tendência a indisposições que podem estar associadas ao calor"
Alguém se esqueceu de ler as previsões meteorológicas para os próximos dias.

As vagas previsões da Maya aliadas à perturbadora visão de passar o resto dos meus dias a discutir fait-divers com Humberto Bernardo (confesso que a hipótese de fazer visitas regulares à Kadoc com a Pimpinha é tentadora) obrigam-me a renegar o modus vivendi da astrologia.

Regresso pois cabisbaixa para o meu dia-a-dia feito de pequenos desafios ao destino. Ex. Número de pedacinhos de queijo emental que saem do pacote ao polvilhar uma spaghetti carbonara - se ímpar não saio de casa.

Saturday, August 14

 

Eh pá, sou uma nerd.

A simpática Mafalda tem feito uma série de Retratos a Óleo em que, com humor e pormenores macabros, descreve as pessoas por detrás dos blogs.

Julgava que as visitas deste blog se deviam todas ao facto de as pessoas pensarem que eu era uma beldade eslava. Obrigada Mafalda, por deitares essa teoria por terra. Gostei muito da descrição. Achei deprimente. E digamos que, tendo essa característica, não está muito longe da realidade.

Podem vê-lo aqui!

Friday, August 13

 

Enfermeira disposta a tudo

Obrigado por ter começado a ler este post devido ao título.

Nos comentários do último post das Trutas - depois de uma troca de impressões sobre variados assuntos como a angústia humana na partilha da sua memória infantil, o fetiche de lamber pés, Keats, voyeurismo e telenovelas mexicanas - surgiu o tema "Brincadeiras Sexuais".

Alguns relacionamentos pautam-se pelo cansaço e falta de imaginação. Nós os bloggers, paradoxalmente, não queremos isso. Faço então um apelo para que deixem ideias aqui nos comentários. Eu já avancei com os seguintes temas:

"Mecânico prestável e dona-de-casa infeliz"
"Sozinha no escritório com o chefe chantagista"
"Como lhe posso agradecer por ter tirado o meu gatinho da árvore, senhor bombeiro?"

e o Especial Comemorativo 'AOHNA 2004':
"Ninfa Grega assediada por Zeus nas margens do Rio Cefiso"

Wednesday, August 11

 

Memórias Dos Açores ou Como a Relação Entre Uma Mãe Bióloga Marinha E Uma Filha de 2 Anos Nunca É Saudável

- Olha Joaninha, um golfinho! Viste?

- Um peixe!!!!!!

- Bem, tecnicamente, não é um peixe. É um mamífero cetáceo da subordem dos odotocetos, ou seja, possuem dentes e um único orifício respiratório.

- É um peixe!

- Não! Como podem ser peixes, se têm sangue quente, respiram por pulmões e dão à luz crias que amamentam através de glândulas mamárias? Repara: os membros dianteiros dos golfinhos ainda conservam a ossadura dos mamíferos terrestres dos quais descendem.

- Um peixe, um peixe, um peixe!

- Estão na água e sim, podem mergulhar a grande profundidade e tudo, mas são mamíferos. Respiram. Ar. Não são peixes. OK?

- Um peixe!!!!!!

- JOANA, RESPEITA A TUA MÃE, OLHA QUE LEVAS!

- Um peiX...

*PLAF*

Tuesday, August 10

 

O drama dos rés-do-chão

Nunca vivi num rés-do-chão mas não deixo de sentir uma certa compreensão pelo pesadelo diário que vivem os seus habitantes. Diria mesmo que pior do que viver num rés-do-chão só mesmo viver na mesma rua de um café-bar com karaoke aos sábados das 00h às 3h da manhã. E com "Noites Latinas" aos domingos. E tiroteios durante o resto da semana. Maia, doce Maia.

Mesmo assim admito que o terror que sinto ao ouvir os primeiros acordes do "Paixão Lusitana" todos os sábados à noite não pode ser comparado ao que um morador do r/c sente de cada vez que o carteiro lhe pede para abrir a porta às 7.30 da manhã.

Neste último fim-de-semana, movida pelo intenso espírito de aventura que me caracteriza, vivi num rés-do-chão. Do lado de fora da minha janela alguém tinha colado o seguinte:

Longe de mim censurar o jovem idealista que deixou o autocolante numa janela alheia convicto de que estaria a praticar uma boa acção. Mas a verdade é que eu estava sozinha, com uma amigdalite mal curada e, pior, num rés-do-chão pertencente a um casal de idosos. Passei mal a noite, febril e com pesadelos.

Acordei por volta das 9, com um senhor do Círculo de Leitores que me pedia para abrir a porta do prédio. Cabe aos habitantes dos r/c ter o máximo discernimento nestas situações, ponderando bem se devem ou não permitir a entrada de um estranho. Fui à janela e vi o autocolante azul da Rádio Renascença no vidro traseiro do carro. Há situações que não deixam dúvidas sobre a bondade e o bom carácter de uma pessoa. Não lhe abri a porta.

Como piorei da amigdalite voltei para casa. É com estas experiências que uma pessoa compreende aquele vizinho chato do r/c. Não me posso esquecer de lhe dar um abraço contagioso, ainda hoje.


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