Bon Jovi, Tom Cruise, Brad Pitt e o gajo-loiro-dos-Onda-Choc. Todos capas da mítica revista SUPER POP e todos paixões avassaladoras nos corações de todas as miúdas portuguesas no início dos anos 90.
Menos eu.
"Claro Xobi, já na altura eras lésbica" pensam alguns. Estão errados. Eu tive uma paixão platónica marcante... pelo Rafael das Tartarugas Ninja.
Tinha consciência que era estúpido. Mas também tinha um vizinho que comia sabão, e essa situação tornava tudo mais relativo.
Claro que o facto de ele ser uma
tartaruga mutante com especial aptidão para as artes marciais e vassalo de um rato de esgoto trazia, à partida, alguns problemas para a nossa relação. Ser uma figura de BD e desenhos-animados também não ajudava. Mas o que me deixava mesmo de rastos era o favorito do restante público feminino ser o seu colega e líder das Tartarugas Ninja, Leonardo. Ou o divertido Michelangelo ou mesmo o jovem misantropo Donatello.
O meu amado Rafael era o cínico, o pessimista, o nervoso. Mas eu sabia que esse não era o
verdadeiro Rafael. Tinha a certeza que por detrás daquela - literalmente - carapaça dura, se escondia uma tartaruga sensível, carente, frágil. Felizmente escondi esta paixão de toda a gente, evitando assim a rejeição no grupinho de amigos. Rejeição essa que surgiu no ano seguinte quando pedi para fazer de ovelha no presépio da festa de natal da escola, declinando o sempre aborrecido papel de Maria.
Cedo desisti da ideia de que algo bonito podia nascer entre nós.
Mas agora há esperança.
posted by Sofia M #
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